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Uma Arquitetura SDN para Computação em Nuvem orquestrada pelo ONOS

TemaTec 235

Davis Victor, Mariana Bechara, Fernando Farias e Antônio Abelém
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Figura 2 - Arquitetura SDN-IP

1. Introdução

Os Provedores de Serviços (ISP) (do inglês, Internet Service Provider) estão explorando cada vez mais o paradigma SDN para gerenciar com sucesso o aumento da receita média por cliente (do inglês, Average Revenue Per User-ARPU) e para reduzir os custos operacionais de uma infraestrutura em larga escala. Com a migração para SDN é possível prover maiores cargas de serviços (incluindo funções de redes) com elasticidade, de forma distribuída e mais eficiente. A adoção deste paradigma tem sido foco de trabalho e desenvolvimento de provas de conceitos em arquiteturas de redes nos grandes provedores de infraestruturas atuais.

O objetivo deste trabalho é apresentar uma abordagem que permita testar e desenvolver uma arquitetura SDN com suporte ao protocolo OpenFlow para o centro de dados em nuvem orquestrada pela plataforma e Sistemas operacionais de Rede Aberto (do inglês, Open Network Operating System – ONOS). O ONOS é o primeiro sistema operacional de rede SDN aberto voltado especificamente para ISPs e redes de missões críticas. Também é construído para prover alta disponibilidade, escalabilidade e desempenho para as demandas das redes atuais.

2. Redes Definidas por Software (SDN)

SDN tem como um dos conceitos básicos abstrair a complexidade de cada componente da rede e automatizar os mecanismos da camada de comutação e de roteamento, de definição de QoS, de balanceamento de carga, armazenamento e segurança em plataformas únicas e padronizadas (CIO, 2015). A migração da complexidade para controladores, o que em redes tradicionais faz-se de forma integrada verticalmente nos elementos de rede como mostrado na Figura 1 (abaixo), permite que a infraestrutura subjacente seja abstraída para aplicações e serviços de rede (CASADO, 2010). Tal abstração provê uma representação lógica e centralizada do comportamento da rede, onde a configuração e o controle podem ser realizados com menor custo, enquanto mantém-se a escalabilidade da topologia.
 Figura 2 - Arquitetura do elemento de rede atual x elemento de rede SDN

Figura 1 - Arquitetura do elemento de rede atual x elemento de rede SDN

2.1. Controladores

Foram desenvolvidos diversos controladores para o paradigma SDN. Muitos dos quais apresentam ambientes em tempo real de execução, que oferecem uma interface imperativa para programação do comportamento da rede. O que determina em grande parte o estilo de desenvolvimento e as funcionalidades que o sistema operacional de rede oferece é a linguagem de programação em que ele foi desenvolvido.

3. Computação em Nuvem

O NIST (National Institute of Standards and Technology) (NIST, 2015) define a computação em nuvem como o modelo que possibilita acesso, de modo conveniente e sob demanda, a um conjunto de recursos computacionais configuráveis (por exemplo, redes, servidores, armazenamento, aplicações e serviços) que podem ser rapidamente provisionados e liberados com mínimo esforço gerencial ou interação com o ISP.

4. Arquitetura

Este artigo faz a adoção de uma arquitetura capaz de integrar SDN e computação em nuvem, permitindo que cada centro de dados em nuvem baseado sobre uma arquitetura SDN possa conectar-se com redes externas através da Internet usando o protocolo BGP (Border Gateway Protocol). Neste caso, externamente, a partir de uma perspectiva BGP, a rede SDN aparece como um único Sistema Autônomo (do inglês, Autonomous System-AS) que se comporta como qualquer AS tradicional. Dentro do AS, a aplicação SDN-IP fornece um mecanismo de integração entre BGP e o controlador ONOS. Ao nível de protocolo, SDN-IP comporta-se como um BGP speaker. Do ponto de vista do ONOS, é apenas uma aplicação que usa seus serviços para instalar e atualizar o estado de encaminhamento no plano de dados SDN.

Dentro da rede SDN-IP, como visto na Figura 2 (abaixo), existe um ou mais roteadores BGP speaker interno. O roteador em questão pode ser qualquer roteador BGP ou alguma suíte de software que implemente o BGP, como por exemplo o Quagga. Os speakers usam o BGP Externo (do inglês, External Boarder Gateway Protocol-eBGP) para trocar informações de roteamento BGP com os roteadores de bordas das redes externas adjacentes e BGP interno (do inglês, Internal Boarder Gateway Protocol-iBGP) para propagar a informação entre si e as instâncias da aplicação SDN-IP. 

 Figura 2 - Arquitetura SDN-IP

Figura 2 - Arquitetura SDN-IP - Fonte: SDN-IP, 2015

5. Cenário

A topologia mostrada na Figura 3 (abaixo) representa o cenário escolhido para validar a proposta, onde ao centro temos seis comutadores com OpenFlow habilitado e cinco roteadores (Rx), sendo um o BGP speaker interno que fornece suporte tanto para pareamento iBGP quanto para eBGP e quatro roteadores de borda BGP das redes adjacentes externas que queiram trocar informações com a nuvem SDN. Cada roteador externo representa um AS. Conectado a cada roteador adjacente está um host (hx) ligado a ele. Não há restrição sobre qual topologia BGP (por exemplo, full-mesh, route reflector e confederations) utilizar esta abordagem, desde que cada uma implementação tenha uma instância SDN-IP capaz de receber rotas anunciadas à nuvem SDN através de iBGP. 

Figura 3 - Cenário da experimentação

 Figura 3 - Cenário da experimentação

Para o Serpro, a adoção dessa arquitetura completará a necessidade que a empresa tem de virtualizar todo um centro de dados em nuvem e oferecer como serviço aos clientes que desejem hospedar toda sua infraestrutura em ambientes com alta disponibilidade e com padrões internacionais de segurança. Além disso, será possível migrar de forma planejada as arquiteturas atuais de rede para o paradigma SDN sem que isso afete a continuidade do negócio. 

6. Conclusão e Trabalhos Futuros

As redes tradicionais são difíceis e complexas de gerenciar. Uma dessas razões é que os planos de controle e de dados são verticalmente integrados e específicos de vendedores. Alguns dos desafios encontrados nas redes em nuvem dizem respeito à garantia do desempenho de aplicações quando elas são movidas do ambiente local para as instalações em nuvem, flexibilidade em desenvolver appliances (por exemplo, IDS e firewalls) e as complexidades associadas à aplicação de políticas e dependência de topologia. SDN provê uma visão nova de arquiteturas de redes que transforma os ISP tradicionais em arquiteturas de entrega de serviços inteligentes e inovadores, através de redes programáveis e com flexibilidade para escalar.

Para os trabalhos futuros serão realizados testes de desempenho no cenário utilizado e em um cenário real tolerante a falhas, aplicação de técnicas de segurança e verificação do comportamento da rede, integração da arquitetura com os conceitos de virtualização de funções de rede (do inglês, Network Functions Virtualisation-NFV) e migração da instância do ONOS para um hardware físico.

Referências

Davis Victor Feitosa de OliveiraDavis Victor Feitosa de Oliveira
Especialista em Infraestrutura de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) com mais de dez anos de experiência em redes de computadores. Fez mestrado em ciência da computação pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e atualmente é chefe da divisão de especialização em Infraestrutura de TIC do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Possui certificações CCNP, RHCE, LPI-3 e ITIL v3.

Mariana Castro BecharaMariana Castro Bechara
Bacharel em Ciência da Computação pelo Centro Universitário do Estado do Pará (2002), especialista em Redes Linux pelo Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (2011) e mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Pará (UFPA) (2013), ênfase em Computação. Atualmente é analista em redes de computadores no Serpro na Superintendência de Produtos e Serviços – Operações (Supop). 

Fernando Nazareno Nascimento FariasFernando Nazareno Nascimento Farias
Licenciatura e Bacharelado em Matemática UFPA (2003), mestrado em Engenharia Elétrica, ênfase em Redes, UFPA (2008) e doutorando do programa de pós-graduação em Engenharia Elétrica da UFPA. Redes ópticas WDM, redes de grades computacionais, redes ópticas GMPLS e Internet do Futuro.
 

Antônio Jorge Gomes AbelémAntônio Jorge Gomes Abelém
Graduação em Engenharia Elétrica na UFPA (1990), mestrado em Energia Elétrica na Universidade Católica do Rio (1994) e doutorado em Informática, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2003). Professor na UFPA. Foi diretor do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação (CTIC) da UFPA, membro do conselho editorial da Revista Horizontes da SBC e da Revista Brasileira de Redes e Sistemas Distribuídos.