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TI Verde - O futuro da gestão de energia na informática
SOFTWARE LIVRE
Tecnologia e sustentabilidade estão cada vez mais em evidência no século XXI
Em um cenário no qual crises estão cada vez mais frequentes no mercado de energia no Brasil e no mundo, surge a necessidade de fomentar a criação de opções para diminuir a fragilidade desse setor econômico. Essas adversidades impulsionam o desenvolvimento de tecnologias alternativas e de ações de incentivo contra o desperdício e a favor da exploração racional dos recursos.
Conscientizar as organizações sobre a disseminação de práticas internas e externas sustentáveis contribuiu para a redução de gastos e para a obtenção de uma grande vantagem estratégica. Além disso, é preciso refletir sobre o papel do governo no incentivo de políticas públicas, uma vez que 8% da eletricidade nacional foi consumida pelo setor público em 2011.
Neste contexto, a “TI Verde” é uma resposta à preocupação com o impacto ambiental causado pelos recursos tecnológicos. E buscando trazer economicidade na gestão de custos, os analistas de rede do Serpro Cláudio Pereira, João Bosco Teixeira e Pedro França, após dois anos de pesquisas, elaboraram uma plataforma aberta de software e de hardware que permite o uso eficiente de uma matéria-prima fundamental para a tecnologia da informação, a energia.
O Green – Gestor de Recursos Energéticos – adapta o ambiente conforme o número de pessoas presentes e suas respectivas necessidades. A solução integra o conceito de reconhecimento de contexto ao da “Internet das Coisas”, ou seja, é a combinação da capacidade de um sistema computacional reconhecer objetos ou padrões e adaptar seu comportamento, conectando objetos físicos do cotidiano à Internet. As informações são trocadas por ondas de rádio frequência, rede chamada de tecnologia RFID (Radio Frequency Identification). E assim é criado um sistema domótico, que é a união de domus (casa) + robótico (controle automatizado).
O protótipo da iniciativa, que foi testada no Serpro em Recife, interliga ambientes tecnológicos para demonstrar o processo. “Ele tem o intuito de controlar, de forma centralizada e integrada, outros sistemas já existentes no local, como o de iluminação e o de refrigeração, além de interagir com dispositivos de rede de forma geral, tais como impressoras, computadores, switches, roteadores, entre outros”,esclarece João Bosco Teixeira.
“Sustentabilidade é um assunto que está em evidência, por isso surgiu a ideia de desenvolver uma ferramenta inovadora que reduzisse o desperdício de energia e realizasse a administração inteligente dos ambientes de instituições públicas, tais como o Serpro e seus clientes. Inscrevemos o projeto no ConSerpro (Congresso Serpro de Tecnologia e Gestão aplicados a Serviços Públicos) e os resultados conseguidos até agora foram gratificantes”, declara João Bosco.
Saiba como funciona
Placas de circuitos eletrônicos e módulos de controle possibilitam o envio de informações sobre o ambiente. Segundo Cláudio Pereira, os componentes de hardware da solução consistem em pontos de presença (PoPs) e em dispositivos conectados. “Os PoPs são dispositivos eletrônicos por onde a solução é capaz de interagir com os sistemas não-computacionais de um ambiente, criando um ponto de controle e de monitoramento, uma rede de sensores e atuadores”, explica.
Sensores captam informações que identificam um contexto. Já os atuadores ligam ou desligam qualquer carga (lâmpadas, ar-condicionados, monitores e sistemas elétricos/eletrônicos). E o religamento dos equipamentos ocorrerá com a intervenção direta do usuário ou com uma alteração no contexto, como a presença ou saída de um funcionário da estação de trabalho.
“O modelo identifica dimensões como luminosidade, temperatura e estado do equipamento. Dessa forma, as variações dos valores são analisadas e combinadas para fundamentar a tomada de decisões. É possível detectar a ociosidade de equipamentos (como teclado ou mouse) e interagir com a estação de trabalho de um usuário, podendo ativar o estado de baixo consumo ou desligar o equipamento”, aponta Cláudio.
Implementação do sistema
Pedro França explica que o protótipo apresentou um resultado positivo na redução do desperdício, chegando até a 30%. Na etapa de testes foi realizado um monitoramento de uma sala com onze pessoas por dez semanas. Havia dois circuitos elétricos sendo controlados, um de iluminação (220 volts) e o das estações de trabalho (110 volts).
O pesquisador se mostrou satisfeito com os números gerados no teste. “Chegamos à conclusão de que o propósito do Green foi atingido com sucesso. Mesmo em um ambiente tão restrito, com poucos sistemas sendo monitorados, foi perceptível a queda no consumo”, afirma Pedro.
O acelerado crescimento da busca de tecnologia da informação intensifica a demanda energética e, consequentemente, os danos ambientais causados por ela. Os benefícios econômicos e sociais da implementação do Green podem impactar além da Administração Pública, chegando a outros segmentos institucionais e toda a sociedade.