Lindiara Wentz

Quem nunca esqueceu de fazer a revisão do carro? Ou quem sabe dizer, exatamente, o que tem na despensa da sua casa? E desses, quais os produtos estão para vencer ou os que tem de comprar na próxima ida ao supermercado? Complicado né? Imaginem controlar materiais de consumo, frota, motoristas e muito mais em um ministério cheio de secretarias, por exemplo. Para tornar essa administração mais eficaz, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) desenvolveu e está aprimorando cada vez mais o Sistema Integrado de Administração de Serviços (Siads). Ele amplia a automação do registro contábil e a vinculação de um bem de consumo ou permanente a um ou mais centros de custos. Já é usado pelo Ministério da Fazenda (MF) e agora está disponível para as demais instituições.

Além de permitir essa gestão de materiais, com a geração automática dos registros contábeis pertinentes às movimentações, também viabiliza a administração da frota de veículos e dos motoristas. Emite alertas quando as carteiras de habilitação dos motoristas estão vencendo, controla combustível e a necessidade de manutenção dos veículos.

Quem tem mais, manda para quem tem menos. Essa é a inspiração para o módulo de Bolsa de Materiais, que gerencia materiais disponíveis para reaproveitamento entre as Unidades Administrativas de Serviços Gerais (UASG) e módulo de gestão de tabelas e cadastros. “Os três módulos principais do sistema são Estoque, Patrimônio e Transporte”, resume Andréa Garcia (foto ao lado), coordenadora de Atendimento à Gestão Fazendária no Serpro.

O Siads permite toda gestão administrativa dos bens patrimoniais, inclusive com registro de depreciação, e dos materiais de consumo, além de ter integrações on-line com outros dois sistemas, o Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) e o Siasg (Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais). Os dois sistemas atuam no âmbito do Governo Federal; o primeiro controla a execução orçamentária, financeira e patrimonial e o segundo é o ambiente onde são realizadas as operações das compras.

Evolução...

Para a coordenadora de Informação de Custos da União da Secretaria do Tesouro Nacional, Rosilene Oliveira de Souza, as recentes evoluções do Siads se apoiam sob três pilares: do ponto de vista tecnológico, da contabilidade pública e da gestão de custos. A migração para web possibilitou maior usabilidade para os usuários do Siads. Nas palavras dela, “o usuário sai da tela preta e cai na web”. Outra novidade tecnológica é a implantação do inventário eletrônico via smartphone, que vai ser implantado ainda em 2016.

O uso de um aplicativo por smartphone vai facilitar a atividade de inventariar os patrimônios, que deve ser realizada anualmente pelos órgãos públicos, conforme determina a legislação. Em um procedimento ágil, prático e rápido, será possível fazer a leitura do código de barras dos bens patrimoniais, e ainda permitir o registro de divergências que possam ser verificadas no momento da coleta. “Essa tecnologia já faz parte da cultura das pessoas, além de ser uma forma barata de automatizar um procedimento que é muito demorado e oneroso quando realizado manualmente”, acrescenta Andréa.

O segundo pilar a que se refere a coordenadora Rosilene Souza é a contabilidade pública. “Com base em relatórios, o Siads permite controlar e conhecer todo o fluxo de bens, como compra, consumo, utilização e até controla sua depreciação”, compartilha. É dessa forma que o Siads proporciona à Administração Pública Federal o atendimento de necessidades dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais, previstas por lei.

A implantação da gestão de custos é o terceiro pilar na evolução do Siads. “Possibilita ao gestor saber tudo sobre o consumo de determinado recurso, de acordo com centros de custos utilizados pela instituição. Quem, onde, por que, em que atividade e com que finalidade foi gasto o recurso”, sintetiza Rosilene. Dentre outros benefícios, possibilita a economia em serviços e a redução de despesas. Também facilita o gerenciamento de contratos, a reorganização da estrutura de pessoal e de processos. Além disso, a utilização das informações de custos são utilizadas na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual e da programação financeira.

A subsecretária de contabilidade pública do Tesouro Nacional, Gildenora Batista Dantas Milhomem (foto acima) conta que o Siads foi trabalhado como um sistema estruturante. “O custo-benefício do sistema é muito favorável aos órgãos que já o utilizam e para os que estão em fase de implantação”, diz. “É imprescindível um sistema de custos que gere informações úteis e fidedignas para subsidiar o processo de tomada de decisão governamental a partir da necessidade de aumento da transparência governamental e accountability; dos novos desafios da contabilidade aplicada ao setor público; das exigências legais; e da busca por eficiência, eficácia, efetividade e economicidade na aplicação dos recursos públicos”, resume Gildenora.

A Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração (SPOA) e a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), ambas do Ministério da Fazenda, exercem a coordenação compartilhada do Siads hoje. Para a subsecretária, o modelo de negócio estabelecido pelo Serpro em conjunto com os dois órgãos atende perfeitamente a lacuna existente, no modelo de gestão do Sistema de Informações de Custos, o qual permeia os dados de todos os sistemas estruturantes do Governo Federal.

... e expansão

Para Marco Aurélio Sobrosa, superintendente do Serpro que atende o Ministério, os vinte anos de utilização do sistema pela Fazenda proporcionam maturidade para permitir a expansão para outros órgãos, podendo ser realizada em larga escala. “Os recursos alocados para a sua produção já estão disponíveis”, adianta. Esse é o plano. “Dessa forma, o Siads já pode ser contratado junto ao Serpro, em breve aumentaremos sua divulgação e comercialização”, argumenta. Sobrosa aponta que a plataforma do sistema é escalável, o que permite que ele cresça de acordo com as novas necessidades.

A Tecnologia aplicada
O Siads foi desenvolvido em plataforma alta, conhecida como mainframe, que tem a capacidade de realizar operações com expressivo volume de dados e em grande velocidade. Sua linguagem de programação é o Natural, com banco de dados Adabas, permitindo a utilização de diversos editores para implementação de programas, bem como execuções on-line e em batch.

Está em evolução a implementação de uma visão pela plataforma baixa, iniciada com a implantação do Inventário Eletrônico. Assim, a camada de apresentação do sistema terá uma interface mais amigável, facilitando a vida do usuário. A parte nova está baseada em ambiente Linux, principalmente pela performance e robustez. A linguagem de programação é Java, permitindo aplicativos em página web e mobile. O banco de dados é em PostgreSQL. A comunicação entre o mainframe e a plataforma baixa será viabilizada pela ferramenta Tibco.