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Nos consultórios, médicos recomendam o uso de apps como aliados no tratamento
Desde a invenção do celular portátil por Martin Cooper, em 1973, e a criação da internet, na Guerra Fria, em 1960, muito mudou. Não se imaginava que as duas tecnologias evoluiriam tanto e iriam se fundir com uma finalidade distinta da original: promover a saúde.
O mercado dos aplicativos móveis (apps) que promete contribuir com a medicina, por exemplo, vem, aos poucos, conquistando mais adeptos por trazer ferramentas eficazes de aproximação e interação entre médicos e pacientes. A chamada mobile health ou mhealth (saúde móvel) aparece nos mais diferentes formatos e com incontáveis funcionalidades. Segundo a consultoria Research2Guidance, são mais de 100 mil aplicativos disponíveis na rede. E a cada dia, novos apps são desenvolvidos para quem busca acompanhar de perto a saúde e conquistar uma rotina com mais qualidade de vida e bem-estar.
Entre os brasileiros, esse fenômeno ainda é tímido, em comparação com a Europa e com os Estados Unidos, onde o uso dessas tecnologias é bem mais frequente. Mas há um enorme potencial de mercado, como revelam as pesquisas realizadas pela eMarketer, classificando o Brasil como o 6º país com o maior número de smartphones do mundo, o equivalente a 38,8 milhões de unidades ativas.
Palavra de especialista
Nos consultórios, médicos recomendam o uso de aplicativos móveis como uma extensão do tratamento, alertando que eles nunca podem substituir a avaliação de um profissional. Segundo a assessoria PwC (PricewaterhouseCoopers), cerca de 40% dos médicos encorajam seus pacientes a monitorar a própria saúde.
Márcio Salles, médico do trabalho no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), tem observado que o uso dos apps ainda é incipiente e ressalta alguns cuidados necessários à manipulação desses programas. "Em médio e longo prazo, trará benefícios. Mas a população deve perceber que é um mecanismo para complementar e não para substituir uma consulta ou uma medicação. O 'Dr. Google' e os aplicativos disponibilizam o diagnóstico e os tratamentos. Isso gera uma fonte de ansiedade para o paciente e pode ser prejudicial, pois mascarar uma dor ou um sintoma não significa que resolveu o problema", conclui. Segundo ele, na internet há muito conteúdo, portanto é necessário filtrar e se atentar à procedência e veracidade das informações.
O cardiologista José Aloísio Della Giustina ainda não utiliza nenhum app, mas percebe os benefícios da tecnologia. "Muitos pacientes já trazem o resultado dos exames nos celulares, graças a aplicativos de laboratórios que são disponibilizados, o que imprime mais praticidade e agilidade às consultas", afirma.
Para o profissional de educação física Paulo Rosé, os aplicativos auxiliam a prescrição de exercícios físicos com eficiência e segurança. "Eles são úteis para o controle das variáveis envolvidas no treinamento e armazenamento de dados do usuário, que podem servir para embasar treinos futuros, assim como seu histórico", ressalta.
QUEM USA RECOMENDA...
A Revista Tema falou com algumas pessoas que utilizam aplicativos, todos com a finalidade de promover a saúde. Confira alguns depoimentos de usuários de apps gratuitos, que você encontra tanto nas lojas virtuais Apple Store como na Google Play.
A arquiteta Camila Glicério utiliza três aplicativos:
Instant Heart Rate
Mede a frequência cardíaca utilizando o flash da câmera do celular. Avalia se estou com a frequência cardíaca em dia, considerando a atividade que eu estiver praticando no momento da mensuração.
Stress Check
Avalia o nível de estresse do indivíduo pelo flash do celular. O app me ajuda a controlar a ansiedade e a perceber se devo parar um pouco e reequilibrar o sistema.
Sleep Time
Traça um histórico dos ciclos de sono durante a noite e desperta no momento em que o sono estiver mais leve. Com ele eu acordo mais disposta e sem perder a hora, uma vez que ele se preocupa em reconhecer o momento em que o sono estiver menos pesado para tocar. Percebe a qualidade do sono e correlaciona com o desempenho do dia. É preciso deixar o celular próximo da cama, em algum lugar sensível aos movimentos da respiração e das trocas de posição durante o sono.
Os analistas de desenvolvimento do Serpro Leandro Rodrigues (à direita) e Fábio Teodoro (à esquerda) contam dos apps que escolheram, respectivamente:
Endomondo
É um aplicativo para acompanhamento e registro das atividades esportivas. Possui GPS, cálculo de gasto calórico, necessidade de hidratação, altimetria, entre outros. Utilizo para natação, corrida e ciclismo, embora sirva praticamente para todas as modalidades. Consigo visualizar rapidamente a evolução dos meus treinos. Além de manter um histórico importante do meu progresso.
Strava
Armazena, através de dados de GPS, os trajetos que eu faço de bicicleta, as distâncias percorridas, a velocidade, a potência, a elevação, a cadência e a frequência cardíaca. Permite criar rotas de acordo com os pontos de partida e chegada marcados no mapa, com as opções de usar as mais populares, minimizar o ganho total de elevação e a distância. Cria segmentos e mantém um ranking com os tempos que os ciclistas fizeram em cada trecho. Tem desafios de distância, elevação acumulada e tempo de pedal. Também permite seguir outros ciclistas e acompanhar os treinos deles.
A estudante de Direito Fernanda Flecha tem bons resultados com sua utilização:
RunKeeper
Oferece a opção de ouvir músicas durante a corrida, diz a distância que já percorri e qual a velocidade média. E além de armazenar todas suas corridas e montar um gráfico de rendimento, você pode convidar amigos pelo próprio app para correr com você.
Dieta e Saúde
Ele me ajuda a não sair da dieta. Tudo que como, lanço a quantidade e marca do produto e ele mostra quantas calorias estou ingerindo no dia. Se minha dieta é de 1700 kcal, posso ter um controle maior através dele para não extrapolar na comida. Por estarmos com o celular o tempo todo, é mais fácil cuidar da saúde e seguir as recomendações dos aplicativos.
Daniel Pio, engenheiro, também recomenda alguns aplicativos:
Pacto Treino
Sincronizo o app com a minha série de exercícios da academia. O avaliador físico monta o treino e automaticamente sincroniza com o celular, sem a necessidade de usar papel ou fichas. Para me exercitar também uso o smartwatch Moto 360, com o sistema Android Wear, que possui todos os sensores para pedômetro, monitoramento ótico de frequência cardíaca e detecção de movimento (PPG).
Beba Água
Uso durante a época da seca em Brasília para me lembrar de beber água. Ajuda o usuário a se hidratar melhor, com lembretes para consumir a quantidade mínima de acordo com cada perfil e possui gráficos para acompanhar o desempenho.
CONHEÇA OUTROS APLICATIVOS:
- Vision Test: monitora a saúde dos olhos em casa. Utiliza testes usados por oftamologistas, como exames de astigmatismo, acuidade visual e daltonismo.
- Minha Gravidez Hoje: a usuária informa a data prevista de parto e ele oferece um guia com informações para cada dia da gestação.
- Lembrete de Medicamentos MediSafe: Ajuda a tomar a medicação na hora prescrita com segurança e a lembrar familiares.
- Vigilantes do Peso: auxilia a manter a motivação no processo de controle do peso. Monitora as refeições, contém receitas e artigos.
- DayBook: aplicativo de dieta social criado pela empresária Lucília Diniz. Registra o diário alimentar e compartilha a evolução.
- Brasil Sem Cigarro: aplicativo criado pelo médico Drauzio Varella para combater o vício do fumo. Mostra quantos cigarros a pessoa fumou até hoje, quanto gastou e quantas horas desperdiçou com o tabagismo.
- Laboratório Sabin: Permite acessar resultados de exames, laudos e históricos.
Para descobrir mais apps testados e aprovados por profissionais, acesse o portal Aplicativos de Saúde.