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O futuro está nos dados
CIS
Centro de Informações Serpro: uma forma inovadora de tratar, analisar e disponibilizar informações para governo, empresas e cidadãos.
Um total de 5,4 zettabytes: esse é o volume estimado de informações digitais geradas no mundo até o ano passado. E segundo a International Data Corporation (IDC), publicadora do número, a humanidade terá produzido cerca de oito vezes mais daqui a meros cinco anos. Serão 44 zettabytes de dados em 2020. É algo tão espantoso que é difícil até mesmo de dimensionar. Mas vale a tentativa: dá para citar que seriam necessários 1.375 bilhões de pen drives de 32 gigabytes para armazenar tudo isso. Ou que seria preciso que cada pessoa no planeta originasse, de 2015 até 2020, quase 2 megabytes de dados por minuto. Foi neste contexto da Era do Zettabyte, que exige habilidades para lidar de modo inteligente e ágil com “montanhas” de dados, no agora e no futuro, que surgiu a ideia do Serpro tornar-se um centro de informações de governo para o país.
“O Serpro planejou-se estrategicamente seguindo a mesma proposta de todo o governo, que era a de pensar o Brasil para 2022”, indica o diretor-presidente Marcos Mazoni, ao citar o ano do bicentenário da Independência do Brasil. “Como estamos na área tecnológica, temos que antecipar ações relacionadas a isso. Atuar hoje para que as tecnologias possam realmente ser utilizáveis no amanhã. Trabalhamos na empresa com os componentes do Nexo das Forças”, completa Mazoni, referindo-se à mobilidade, computação em nuvem, redes sociais e informação, as quatro forças que, de acordo com o Instituto Gartner, mais influenciam empresas e indivíduos e são o alicerce para essa área no futuro.
“Juntando os quatro elementos, imaginamos como poderíamos nos portar para que as tecnologias trouxessem mais eficiência para o governo e um relacionamento melhor do cidadão com o governo. Assim, o centro de informações nasceu espontaneamente. Ele é um espaço aonde esses elementos vão buscar sua concretude. Mobilidade, big data, redes sociais, tudo isso ganha importância quando a informação é a questão estratégica”, ressalta o diretor-presidente.
A criação natural do chamado Centro de Informações Serpro (CIS), que será consolidado ao longo de 2015 até 2022, não é resultado só da expertise da instituição em lidar com tecnologias inovadoras. Existe, é claro, o fato do Serpro ser há 50 anos o guardião de uma parcela de dados essencial para a performance do setor público e para o dia a dia do cidadão. Logo, nada mais genuíno do que ajudar os clientes na empreitada, por exemplo, de extrair de seus bancos de dados, hospedados no Serpro, informações valiosas e oportunas. Veja a seguir como o CIS funcionará e que gama de serviços quer ofertar para que o governo possa cada vez mais aperfeiçoar a tomada de decisões, amplificar a eficiência, reduzir os custos e fortalecer a transparência e a participação social.
O futuro em construção
“Para poder celebrar com orgulho a data simbólica de 2022, os desafios que teremos de enfrentar serão formidáveis. Reduzir as desigualdades sociais, eliminar as vulnerabilidades externas. Essa tarefa urgente e árdua terá de ser realizada em uma trajetória de aprofundamento da democracia e participação efetiva do legítimo dono do Estado brasileiro, que é o povo”. Esse é, resumidamente, um dos trechos da proposta do Plano Brasil 2022, lembrada por Mazoni no início dessa reportagem. O plano, publicado pela Presidência da República no fim de 2010, traz metas para o bicentenário e vem ao encontro de uma tendência que é mundial.
“A tendência é a de um governo aberto, que se coloca cada vez mais como prestador de serviços para o cidadão, o qual por outro lado cobra por atendimentos mais efetivos. E a visão do Serpro é a de se manter alinhado às vertentes tecnológicas de governo e entregar serviços aderentes às necessidades da população. Inclusive serviços que ampliem a transparência, a prestação de contas e, principalmente, a participação e colaboração da sociedade”, frisa Viviane Malheiros, da Coordenação Estratégica de Tecnologia (Cetec). “Isso tudo tem impacto direto no que podemos oferecer. O Serpro já é um provedor de soluções de TI, mas também quer ser um centro de informações de governo para o Brasil, nesse horizonte de 2022”, acrescenta a líder do grupo da Cetec encarregado, com apoio de outras unidades, de propor o arcabouço do centro e prospectar serviços que vão compor o catálogo do CIS para atuais e potenciais clientes da empresa.
Virando realidade
Com a visão renovada em mente, o Serpro começou em 2014 a buscar o que, na prática, poderia viabilizar para governo e sociedade a partir do CIS. As equipes fizeram pesquisas, tanto acadêmicas quanto sobre exemplos em outros países, e passaram a desenhar o que seria o centro e seus serviços.
“Estamos apresentando o Centro de Informações Serpro como uma forma de organização que criará possibilidades para a empresa dentro de seis funções que giram em torno da informação”, destaca Viviane. Ela conta que uma é a de adquirir informações em fontes externas, como redes sociais ou dados de outras organizações. Outra é a de tratar dados, já hospedados na empresa ou os adquiridos. A seguinte é armazenar conteúdos, com segurança e pelo tempo necessário. Tem ainda as funções de analisar, disponibilizar e comunicar. “Cada serviço do CIS terá uma combinação dessas funções”, compartilha.
Um laboratório bem-sucedido
Uma das soluções-piloto do CIS é o Quartzo. Com ele, clientes poderão ter acesso on-line, e até mesmo em tempo real, a informações que estão armazenadas no Serpro. “O serviço oferece uma forma inovadora e segura de acessar dados (dados como serviço), permitindo controle de acesso e auditoria. Ao contratar o Quartzo, o cliente tem flexibilidade para consumir informações atualizadas da forma que quiser”, informa Viviane.
O acesso veloz e seguro, com login e senha, é possível por meio da tecnologia do barramento, que disponibiliza bancos de dados virtuais. A partir do login, e independente do tipo de banco de origem no qual o dado está hospedado, a informação é entregue em estado “bruto” e em formatos padronizados – JDBC (Java Database Connectivity), ODBC (Open Database Connectivity) ou Web Service. Esses formatos são “compreendidos” por várias aplicações de computador, o que possibilita ao cliente “lapidar” dados e transformá-los em uma série de documentos e programas, tanto para uso interno como para a sociedade.
“Provisionar dados sem nenhum tratamento é um fator que foi, tem sido e será crítico de sucesso para nós, porque dá mais agilidade ao processo. Conseguir ofertar isso é um grande desafio tecnológico e arquitetural”, avalia Vinícius Silva, coordenador-geral de Sistemas do Ministério do Planejamento, instituição que topou, em agosto de 2014, estrear e testar o Quartzo em parceria com a empresa pública de TI. Vinícius explica que, antes do serviço, para o ministério acessar conteúdos guardados nas bases do Serpro, era necessário solicitar as chamadas apurações especiais e extrações de dados, procedimentos que poderiam levar um mês ou mais para serem finalizados. Vinícius aponta que, além de tempestividade, o Quartzo promove outras vantagens.
“Os arquivos das extrações eram vistos por um funcionário ou uma equipe do ministério, mas os acessos e repasses que aconteciam depois eram uma incógnita”, recorda. “O modelo atual, com o Quartzo, mesmo que em seu primeiro estágio, já é mais seguro, auditável e governável. Facilita, por exemplo, que criemos uma ferramenta de Business Intelligence para saber que dados são procurados com mais frequência, em que momento e por quais profissionais daqui. Com o serviço, temos um controle granular, uma única entrada, e isso é bom para o Serpro e para nós”, elogia o coordenador.
O lema é compartilhar
De agosto para cá, só cresceu o número de consultas que o Ministério do Planejamento fez via Quartzo às bases de quatro de seus sistemas. Desenvolvidas pelo Serpro, essas soluções abrigam conteúdos relevantes para agentes públicos e cidadãos: folha funcional e financeira de servidores, no Siape; licitações e convênios, no ComprasNet; fornecedores do governo e aquisição de materiais, no Siasg; processos e documentos, no CProd. “Temos também nesta fase piloto a Aeronáutica que, desde novembro, está acessando pelo Quartzo, com autorização do ministério, dados de suas compras armazenados no Siasg. E o Tesouro Nacional, que começou a utilizar o serviço para prover ao Senado, Câmara e TCU o acesso a dados do sistema Tesouro Gerencial”, complementa Ádria Ferreira, da unidade do Serpro que atende o Planejamento.
“O CIS, com o Quartzo e demais serviços que pode oferecer, é um assunto de Estado. Para a administração pública, possibilita o acesso à informação, um tesouro que, junto às tecnologias hoje disponíveis, cria várias alternativas de modernização e gestão. Mecanismos para otimizar o funcionamento do governo, detectar fraudes, encontrar padrões, monitorar gastos”, declara Vinícius Silva, do Planejamento. “Do ponto de vista da sociedade, quando o governo divulga essas informações como serviços e aplicações confiáveis, empresas privadas, grupos sociais ou indivíduos podem acessar os dados e fazer outras aplicações, usos e análises. Isso é revolucionário, as possibilidades são enormes”, considera ele.
De olho nos cliques
O Nephila, também piloto do centro, é outro exemplo de como empregar dados para aproximar governo e cidadão. Esse serviço de Web Analytics está preparado para coletar, medir e relatar estatísticas de visitas e ações dos usuários de soluções hospedadas no Serpro. Com o Nephila, o cliente de governo saberá que links são mais clicados, por quanto tempo e quando seus portais e sistemas são acessados. Com isso, poderá entender melhor o que o cidadão precisa e alterar as interfaces conforme o que é mais aproveitado pela sociedade. “E vai muito além disso. Dá para adotar essas informações para, com base nos assuntos mais procurados pelas pessoas, dar respostas mais efetivas aos tópicos que representam anseios maiores da população”, observa a integrante do Serpro Viviane Malheiros.
Outra grande perspectiva de contribuição do CIS é ampliar significativamente os serviços de BI (Business Intelligence) oferecidos pelo Serpro. Os clientes da empresa já contam hoje com serviços de Data Warehouse (DW), espécie de “depósitos” digitais projetados com tecnologias que ajudam a organizar e agregar dados para análise. São oferecidos serviços de DW relacionados a comércio exterior, finanças, arrecadação, e outros que têm dados primordiais para a tomada de decisão gerencial e estratégica no governo. Com o CIS, o Serpro oferecerá, mediante diferentes técnicas e ferramentas, novas capacidades analíticas e novas formas de tratar e analisar informações, a fim de aprimorar a gestão de negócios e os processos decisórios. “É um serviço que tende a crescer, tem novas perspectivas ligadas à data discovery, à mineração de dados e à análise espacial”, explica Viviane.
Integrar para aperfeiçoar
Para 2015, a empresa estipulou uma meta sobre a quantidade de acessos que pretende proporcionar com serviços do CIS. A intenção é que o conjunto de clientes possa realizar até cem mil acessos a dados por dia. Mas, mais do que uma meta, esse número revela o comprometimento da empresa que, com esse olhar além, quer contribuir para estreitar a relação dos gestores públicos com as variadas informações distribuídas na estrutura de governo.
“Receita Federal, Planejamento, Itamaraty, cada ente governamental tem um nicho de informações. O Serpro pretende integrar esses dados para transformá-los em novas informações úteis para a tomada de decisão. E, claro, isso será orquestrado com os donos dos dados”, enfatiza o diretor de Relacionamento com Clientes do Serpro, Robinson Margato. “Cada instituição poderá ceder informações e receber outras, agregadas com dados de demais órgãos. A comunidade de governo ganhará com isso, o principal benefício do projeto é comunitário”, reforça o diretor.
O cliente Planejamento aprova a iniciativa do CIS de futuras integrações: “Há gestores que trabalham com o dado bruto, que têm condições e ferramentas para isso, e existem situações em que se pode querer contratar o Serpro para ajudar a tratar os dados. É importante disponibilizar os dois caminhos, tanto o serviço de acesso ao dado bruto, com excelentes resultados como temos com o Quartzo, quanto serviços adicionais com camadas que agreguem valor à informação”, diz Vinícius Silva.
Mais possibilidades
Atento aos ganhos para o coletivo, um dos objetivos do Serpro é fornecer um conjunto de serviços que possibilite às pessoas estarem conectadas com informações de utilidade pública. Na perspectiva do cidadão, uma das propostas do CIS é que o usuário crie um cadastro com seus dados, utilizando login e senha próprios. Com isso, o cidadão poderá, a partir de aplicativos móveis e geolocalização, pesquisar escolas, postos policiais, unidades de saúde e também avaliar serviços, como os oferecidos em hospitais. Poderá, ainda, receber mensagens de campanhas do governo de acordo com o seu perfil sociodemográfico, como informações de vacinação, matrículas escolares e inscrições em programas educacionais, entre outros.
“O Estado não tem nada semelhante ao centro no que se refere à integração de dados, que poderão vir dos sistemas estruturantes, internet, redes sociais, de toda a parte. O CIS como ferramenta de gestão será fundamental”, aposta Robinson Margato. “O Serpro vislumbra tornar-se esse grande provedor de informações interligadas para o governo, e também fazer isso chegar à sociedade. É essencial franquear a informação de forma lúdica e didática para incentivar no brasileiro o hábito de ser fiscal do governo”, resume o diretor.