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Liberdade para criar e inovar
Evento
O Sul do país sediou a mais recente edição do congresso idealizado pelo Serpro para incentivar a inovação
Vanessa Borges
A cada ano, a empresa pública de TI do governo federal promove o Congresso Serpro de Tecnologia e Gestão aplicadas a Serviços Públicos (ConSerpro). A proposta do evento, como seu nome completo sugere, é incentivar o surgimento, dentro da instituição, de ideias inovadoras que possam melhorar a gestão pública e o atendimento ao cidadão. Neste ano, o evento chegou a sua 12ª edição, na capital de Santa Catarina.
“Em Florianópolis está a 11ª regional criada pelo Serpro e, em 2015, cumprimos a tarefa de levar, a todas as regionais, este evento que valoriza o espírito investigativo e inovador dos empregados, que propõem soluções para problemas reais, do dia a dia”, destaca o diretor-presidente do Serpro, Marcos Mazoni. “E era importante chegar em todas as unidades porque isso vai ao encontro dos conceitos de coletivo e de conhecimento compartilhado, que elevam o Serpro, tornando-o uma empresa diferenciada e inovadora para a sociedade brasileira”, acredita Mazoni.
Em 12 edições realizadas, o caráter inovador dos profissionais da casa resultou em 994 trabalhos enviados. E dos premiados de 2004 a 2014, a Universidade Corporativa (UniSerpro) identificou que 43% deles foram implementados na empresa, parcial ou totalmente. Isso significa que de 76 projetos nasceram inovações que, na prática, simplificam a rotina de trabalho do Serpro, de seus clientes e a vida dos brasileiros. Só para citar algumas: o conjunto de sistemas Porto sem Papel, que desburocratiza as operações portuárias; o trabalho que originou o Programa Serpro de Inclusão Digital, hoje responsável por mais de 500 telecentros, no país e no exterior; o o-VPN livre, tecnologia para acesso a redes privadas virtuais que já gerou uma economia superior a R$ 700 mil, em relação aos valores que eram gastos com licenças proprietárias.
“Iniciativas como a rede social corporativa #você.serpro e a ferramenta para construção de tutoriais Demonstra, utilizada internamente e que também será comercializada, foram apresentadas no congresso”, acrescenta Fabrício Gaspar, da coordenação do evento, pela UniSerpro. “E todos os trabalhos, premiados ou não, foram disponibilizados para a Agência de Inovação Serpro, para dar a oportunidade dos autores falarem ainda mais sobre suas propostas”, ressalta.
A agência, citada por Fabrício, foi instituída em dezembro de 2014 para impulsionar o desenvolvimento de inovação. Para isso, uma de suas ações iniciais foi formar um portfólio de projetos, inventados pelos próprios empregados, para receber incentivos contínuos. A maior parte do portfólio foi composto por trabalhos escolhidos entre aqueles inscritos em edições do ConSerpro, como os projetos de acessibilidade web para daltônicos, de construção de uma ontologia governamental, de educação a distância em trilhas de aprendizagem, de mineração de opinião na internet, de monitoração como serviço, e de uma rede social de carona solidária.
Expectativa renovada
Na edição 2015, realizada de 16 a 19 de novembro, foram premiados os três primeiros lugares, dos cinco temas do congresso. Houve ainda o reconhecimento de outros trabalhos, um por tema, que obtiveram maior pontuação no critério de inovação, e a entrega do troféu “Moreto” – uma homenagem póstuma ao empregado idealizador do congresso – à melhor apresentação de trabalho. É certo que esses projetos possuem objetivos e conteúdos diferentes. Mas, já que a proposta do ConSerpro é sempre o inovar, todos têm em comum o fato de estarem atentos às tendências tecnológicas e, ainda, ao cenário brasileiro. O diretor-presidente, por exemplo, frisa que o desafio da atualidade é saber administrar em tempos difíceis. Segundo ele, quando os recursos são menores, aumenta a necessidade de ter a qualidade em foco e de estimular o crescimento da inteligência interna da empresa.
"Com recursos escassos, boa gestão não é a que corta mais, mas a que viabiliza o futuro", aponta Marcos Mazoni. O representante da coordenação do evento complementa: “Nesta edição 2015, tivemos muitos trabalhos ligados à gamificação, um tema que está em voga, por exemplo. E há nos projetos um olhar voltado para a sustentabilidade na administração pública”, menciona Fabrício Gaspar, que acrescenta que a adversidade pode se transformar em combustível. “Quando ocorrem dificuldades, como as financeiras, as pessoas costumam buscar novas formas para sair da situação. Isso é mostrado nos trabalhos do ConSerpro, há uma preocupação em relação ao momento que o país vive e em encontrar maneiras para, sem que sejam necessários investimentos altos, colocar algo em prática e inovar”, conclui Gaspar.
Cumprindo seu papel
Por falar em dinheiro, os ganhadores do congresso recebem uma quantia – que varia de R$ 5 mil a R$ 10 mil, como prêmio. Mas, muito mais do que prêmio financeiro, o que eles almejam é conseguir, por meio de seus projetos, cumprir a função pública de aperfeiçoar a gestão, de servir o cidadão e, assim, viabilizar um futuro com avanços para o país.
“Momentos de dificuldade inspiram uma maior criatividade. A crise por vezes se apresenta como um motor e, para mim, serviu como estímulo para superação e amadurecimento na condução de minhas pesquisas”, comenta Nauber Gois (à esq, na foto), um dos vencedores de 2015. “E esta edição teve trabalhos de qualidade ímpar. Um deles, por exemplo, mostra técnicas para dar transparência e avaliar compras governamentais. Já um dos meus projetos traz a proposta de usar mineração de dados no âmbito da segurança pública. Muitos olham para trabalhos assim como gerador de conhecimento teórico. Mas a aplicação de tecnologia de ponta pode propiciar uma série de melhorias para o país”, completa Nauber, que inscreveu 18 projetos e teve 7 deles premiados em diferentes edições do Congresso Serpro de Tecnologia e Gestão aplicadas a Serviços Públicos.