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Dialoga, Brasil!
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Pelo portal os cidadãos vão, juntos, construir o que é melhor para o coletivo
Vanessa Borges
“O brasileiro fala. O governo escuta. E o Brasil avança”: esse slogan apareceu em setembro e agosto, nos intervalos comerciais da TV, para apresentar à população um novo canal de comunicação e participação. O canal em questão é o Dialoga Brasil, portal desenvolvido pelo Serpro para a Presidência da República (PR) e que já teve mais de 265 mil acessos, desde 28 de julho, quando foi inaugurado.
“O primeiro compromisso do governo é ouvir”, assegurou a presidenta Dilma Rousseff, no lançamento da solução. “E vamos investir para que o Dialoga Brasil crie vínculos e novos caminhos, caminhos aperfeiçoados”, afirmou.
Para aprimorar esses caminhos, a ideia do governo é que, pelo portal, as pessoas enviem propostas e elejam aquelas que mais podem melhorar as políticas públicas e a vida dos brasileiros. É o que ressalta o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, que fala ainda sobre a parceria com o Serpro:
Ao todo, o Dialoga Brasil vai divulgar 80 programas do governo federal, distribuídos em 14 temas. Cinco temas já estão on-line: cultura, educação, redução da pobreza, saúde e segurança pública. Dentro deles, tópicos como a Política Nacional das Artes, a valorização dos professores, o Brasil sem Miséria, o incentivo ao parto normal e a segurança pública integrada, entre outros, estão disponíveis para que o cidadão colabore. O jovem de 25 anos Rayney Lima, por exemplo, escolheu o tema saúde para debater.
“Enviei proposta pelo meu celular. O portal é interessante porque dá para se comunicar de acordo com as temáticas. Sou enfermeiro e, dentro dos tópicos sugeridos para a saúde, posso opinar sobre os pontos que são pautas da prática”, considera Rayney. “Quem está lá no ministério tem uma visão, mas quem está na ponta, no exercício da profissão, também pode contribuir para melhorar as ações”, acredita. Adaílton Gomes (foto), de 27 anos, concorda. “É bem melhor ver a realidade a partir do ponto de vista das pessoas. E a minha proposta é a de mais saúde para nossos curumins, nossas aldeias”, comenta o representante dos índios Jucá.
Já Ana Maria Eugênio conheceu o portal em rodas de conversa, e agora quer enviar propostas. “O Dialoga Brasil é a oportunidade que as pessoas têm de colocar sugestões, críticas. Pretendo acessar o site e penso que mudanças só acontecem com a nossa participação, em todas as esferas”, diz Ana, que tem 42 anos e é de uma comunidade quilombola, no interior do Ceará.
TI a serviço da cidadania
O Dialoga Brasil foi planejado para permitir que Ana Maria, Adaílton, Rayney, e milhares de outras pessoas, em todo o país, pudessem enviar e apoiar iniciativas. Para isso, a ferramenta digital conta com uma infraestrutura robusta – que garante alta disponibilidade e performance – e ao mesmo tempo é dinâmica, atraente e fácil de usar. “Entrei no portal, achei acessível, e é um canal sensacional para dialogar com quem a gente mais precisa, que é o governo”, menciona o cearense Francisco Ferreira, que é presidente de uma associação que atua na defesa de pessoas que, como ele, não enxergam e navegam pela internet a partir de softwares leitores de tela.
“O Dialoga traz uma interação cada vez maior e mais objetiva, com a sociedade mostrando o que quer nos programas"
Cláudio Dutra
“Aproveitamos o Noosfero, que também é a base tecnológica do Participa.br, mas com uma outra ideia. Ou seja, a de trazer uma interação cada vez maior e mais objetiva, com a sociedade mostrando o que quer nos programas. E a intenção era que quanto menos cliques o cidadão desse, melhor”, lembra o diretor de Tecnologia da Secretaria-Geral da PR, Cláudio Dutra. “O governo queria um canal pelo qual as pessoas pudessem enviar textos curtos, para facilitar o processo de moderação e para que as propostas ficassem objetivas. Depois, claro, o governo evoluirá as propostas mais votadas”, complementa Bruno Vilela, da unidade do Serpro que atende à Secretaria-Geral.
Vale pontuar que o Noosfero, citado por Dutra, é uma plataforma web para criação de redes sociais, e integra ferramentas e funcionalidades de blogs, fóruns, chats, portfólios, perfis de pessoas, comunidades, agenda de eventos. É ainda baseada em software livre, o que, para as duas instituições, significou um diferencial no desenvolvimento da solução e vai ao encontro da própria filosofia do Dialoga Brasil.
“A empresa se beneficia do uso de tecnologias abertas como o Noosfero, uma vez que elas trazem vantagens relacionadas a componentes que já vêm empacotados e podem ser customizados, com ganho de tempo”, frisa Bruno Vilela. “Uma das qualidades do software livre é a de não dependermos tecnologicamente de nenhum fornecedor e, assim, poder decidir sobre nosso próprio futuro. É mais que uma ferramenta de TI, é algo que carrega consigo os conceitos de solidariedade, compartilhamento. Nós, do governo, também carregamos esses conceitos de pensar no bem comum, de crescer juntos”, finaliza Cláudio Dutra.
Do virtual para o real
Protestos contra, por exemplo, o aumento da tarifa de ônibus, os gastos na Copa do Mundo e a corrupção ocorreram em 2013, 2014 e 2015, respectivamente. É certo que a manifestação popular é um pré-requisito da democracia e se efetiva nas ruas e também nos espaços virtuais da internet, que é amplamente usada por pessoas que desejam compartilhar críticas e sugestões. E a Presidência da República e sua Secretaria-Geral – órgão que tem, oficialmente, a missão de criar canais que assegurem a participação social – estão atentos ao cenário e querem, ao máximo, aproveitar essa vontade que os brasileiros possuem de falar e de ajudar a concretizar melhorias no presente e no futuro do país.
“O cidadão tem voz, pensa e ajuda a governar. Nos eventos, a presidenta sempre diz isso, que a razão do governo existir é oferecer serviços cada vez melhores para o cidadão e, para tal, nada melhor do que ouvir o que ele acha que precisa melhorar”, destaca Dutra. “E temos exemplos de programas de governo, como o Mais Médicos, que vieram de fora para dentro. Claro, há pessoas contra, a favor. Isso faz parte do debate da sociedade democrática, e existem ferramentas presenciais, como reuniões de conselho, e outras tecnológicas que propiciam esse debate. E o Dialoga Brasil é uma dessas ferramentas digitais que são poderosas, pois por elas os cidadãos podem expressar melhor as suas vontades”, conclui o diretor de Tecnologia.
Ouça a entrevista completa com Cláudio Dutra