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Descobrindo o Tesouro

Transparência

Conheça o sistema que promete tornar mais fácil o diálogo entre a Fazenda Pública e o cidadão

Alexei Kalupniek

Você quer saber como o governo federal gasta o seu dinheiro de contribuinte? Entre resultados fiscais, haveres e transferências dispersos pelos órgãos e entidades da administração pública, a resposta pode ser bastante complexa. Quem se aventura a pesquisar, muitas vezes acaba descobrindo que transparência não é simplesmente divulgar informações, mas, principalmente, agregá-las, contextualizá-las e facilitar sua compreensão. Saiba mais sobre o Tesouro Transparente, uma iniciativa que visa facilitar o entendimento e a fiscalização do contribuinte sobre os gastos governamentais.

A ideia foi seguir a estrutura de um portal de dados abertos, que é uma tendência mundial”, explica Cristina Oliveira, da Coordenação-Geral de Sistemas e Tecnologia da Informação do Tesouro Nacional. A principal inspiração foi a iniciativa do governo britânico, considerada referência na disponibilização de informações aos cidadãos. Segundo ela, além de trazer novas informações e centralizar as já existentes, a principal contribuição do Tesouro Transparente foram os chamados “metadados”, uma espécie de endereço agregado eletronicamente à informação.

"O cidadão tem, sim, direito ao seu ponto de vista, desde que esteja bem informado"

Cristina Oliveira

Tivemos um trabalho muito forte quanto à descrição do dado e de seu significado, o que facilitará, em muito, sua reutilização”, considera. Cristina relata que a dedicação chegou ao ponto de serem propostas metodologias específicas que alteraram a rotina do Tesouro quanto à elaboração de trabalhos, relatórios e publicações. Tudo para promover a livre circulação e agrupamento das informações. 

Simples e direto

Na prática, desde dezembro, mês de lançamento do portal, o usuário pode acessar, de forma simples, direta e reutilizável, dados macroeconômicos como haveres federais, resultado fiscal, investimento da União, além do próprio resultado da dívida pública. É um vasto material apresentado em vários formatos, alguns mais, outros menos livres, como pdf, csv, xls ou xlsx. Tudo facilmente extraível, sem a necessidade sequer de login e senha. Atualizadas em tempo real, as informações podem ser utilizadas de formas diversas, como apresentações em planilhas, publicação em sítios da web ou mesmo alimentação de outros sistemas e bancos de dados.

“Quando o usuário vê tudo em funcionamento, não imagina que a ferramenta tenha demandado tanto estudo”, explica Maria Elizabete, coordenadora do portal Tesouro Transparente, no SerproA receita pode parecer fácil: extrair informações de vários sistemas, catalogá-las e inserir tudo em um portal. Mas a realidade não é bem assim. “Quando o usuário vê tudo em funcionamento, não imagina que a ferramenta tenha demandado tanto estudo”, explica Maria Elizabete Vaz (ao lado), coordenadora do sistema no Serpro. A solução teve que ser feita sob medida, já que o Tesouro trouxe, como requisitos, duas tecnologias ainda não internalizadas pela empresa: a plataforma Joomla (que permite a gestão de sítios web dinâmicos) e o Ckan (aplicativo de catalogação de dados).

Ao todo, foram sete equipes de desenvolvimento criadas com o objetivo de integrar sistemas de arquitetura, linguagem e histórias diferentes. Para cada uma dessas soluções, utilizamos uma forma de extração diferente”, relata Elizabete. O resultado, graças à adoção de métodos ágeis, foi conseguido em apenas seis meses, atendendo totalmente a demanda do Tesouro Nacional.

O usuário pode acessar, de forma simples, direta e reutilizável, dados macroeconômicos como haveres federais, resultado fiscal, investimento da União, além do próprio resultado da dívida pública.

O próximo passo do portal é a criação de espaços para a participação dos cidadãos, com troca de opiniões e dúvidas. Por enquanto há apenas um “fale conosco”, mas existe previsão de desenvolvimento de um chat. “O diálogo é importante porque dados e informações não existem no vácuo e são constantemente reinterpretados de acordo com o entendimento de quem os vê”, salienta Cristina.

Para ela, alguns setores da administração podem ser um pouco refratários a processos de divulgação, já que temem interpretações equivocadas e descontextualizadas. “A ressignificação, porém, faz parte da própria essência dos dados abertos. O cidadão tem, sim, direito ao seu ponto de vista, desde que esteja bem informado. Questionamentos e críticas podem vir, mas estamos preparados para isso”, ressalta.