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Dados nas nuvens e pés no chão
Com tecnologia livre
Alexei Kalupniek
Tecnologia em nuvem, big data, mobilidade. Tanto o mundo acadêmico quanto o empresarial parecem estar de acordo com a tese de que essas três tecnologias representam uma verdadeira revolução no mundo da TI. É uma nova paisagem em que as informações fluem e são estocadas em uma escala sem precedentes, trazendo dificuldades para a garantia do sigilo e a integridade das informações. Como resposta a esses desafios, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), lançou o Expresso Drive, uma ferramenta de armazenamento de dados em nuvem que alia segurança, performance e versatilidade.
O Expresso Drive é a única solução que atende aos requisitos do Decreto 8.135, norma editada pela Presidência da República em resposta ao caso Snowden, que trouxe, em 2013, denúncias de espionagem internacional de dados de cidadãos e autoridades brasileiras. Parte da suíte de comunicações do Expresso V3, a ferramenta funciona em um ambiente que conta com criptografia, servidores em rede protegida, além de tráfego e armazenamento constantemente monitorados, com diversos ativos de segurança. Tudo feito para evitar e detectar possíveis invasões.
Outra novidade é a adoção da chave criptográfica em HSM. É o mesmo processo utilizado pelo sistema com maior critério de segurança do Estado: o ICP Brasil. No caso de uma ordem judicial, a chave permite uma auditoria segura sobre e-mails criptografados, preservando a privacidade dos dados, o que faz com que o Expresso seja a primeira suíte de comunicação a atender às exigências do Marco Civil da Internet.
Antes que seja tarde
"Vendemos segurança, o que é uma mudança cultural"
Luciana Mota
“Segurança é justamente o diferencial do Expresso Drive”. É o que explica Luciana Mota, gestora do projeto. No contato diário com os clientes, Luciana percebe o desafio de se vender um produto com vantagens baseadas em critérios de prevenção, o que às vezes pode sair mais caro que alguns concorrentes. “De certa forma, é uma mudança cultural. Muitas vezes, só percebemos a importância de um sistema seguro quando ocorrem problemas. Só que, muitas vezes, pode ser tarde demais”, alerta a gestora. Para Luciana, é natural que o setor público seja, no momento, o principal cliente do Expresso Drive, já que os órgãos e entidades governamentais costumam demandar maiores cuidados quanto à integridade e confiabilidade de suas informações.
Na prática, o Expresso Drive permite o armazenamento e compartilhamento de grandes arquivos em um ambiente web. O limite padrão é de um gigabyte, podendo ser estendido de acordo com as especificações de quem vai utilizar o serviço. O usuário pode fazer upload e download de arquivos de texto, áudio e vídeo com quaisquer extensões, inclusive executáveis, com segurança, rapidez e confiabilidade. Para utilizar a solução, basta se logar em um sítio na web que também está disponível na Apple Store e na Google Play e pode ser acessada por smartphones ou tablets. Para os usuários da conta de e-mail do Expresso V3 é ainda mais fácil, já que é possível acessar uma aba na ferramenta. O compartilhamento dos arquivos pode ser feito diretamente com outro usuário da ferramenta, como se fosse um “amigo” ou um grupo inteiro de pessoas. Outra opção é o envio, seja por e-mail ou mensagem, de um link vinculado ao conteúdo.
Sob nova direção
Lançado para o público interno do Serpro no semestre passado, o projeto Expresso Drive foi completamente remodelado por uma nova equipe. “A infraestrutura, versão de software, interface, arquitetura tecnológica, tudo é novo”, avisa André Sarto, chefe do Departamento de Comunicação Eletrônica do Serpro. O objetivo principal era a estabilização para suportar um número maior de acessos simultâneos, os chamados “usuários concorrentes”.
Onze mil empregados da empresa e outros mil pertencentes a órgãos da administração pública, como Procuradoria-Geral da Receita Federal, ministérios da Fazenda e Planejamento e Escola de Administração Fazendária, utilizam a solução. “A capacidade atual de atendimento é de 25 mil, mas, contando com entidades e órgãos que manifestaram interesse, já temos uma previsão de demanda de 30 mil usuários”, avalia Sarto. Nos próximos meses, a solução deve ser lançada oficialmente para o público externo.