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Novos produtos para novos clientes
Serpro: 52 anos
Regina Faria
Povo reconhecido pelo domínio das noções de tempo, os maias criaram um calendário que assinala novos ciclos a cada 52 anos, demarcando essa época como propícia a novos começos. Coincidentemente, a chegada aos 52 anos do Serpro encontra a empresa em pleno período de renovação.
A atitude responde à necessidade de dar diferentes rumos à estrutura altamente especializada construída nessas mais de cinco décadas. E um dos principais objetivos é evidente: garantir a sustentabilidade no novo ciclo que se inicia.
Com atenção redobrada aos desafios atuais, a organização investe em outras formas de obter receitas. Continua produzindo os sistemas sob medida que a caracterizaram como referência em TI para o governo. Ou seja, continua a atender órgãos como os ministérios da Fazenda e do Planejamento, a Presidência, a Receita Federal, o Tesouro Nacional, entre muitos outros.
A novidade é que agora também oferece os chamados produtos de prateleira: aqueles que podem ser contratados imediatamente, sem necessidade de desenvolvimento personalizado. Fazem parte dessa linha três categorias de serviços: os de infraestrutura, como espaço em nuvem e uso de infovias; softwares como o de gestão da margem consignável ou de gestão de compras; e, ainda, soluções na área de segurança, como a certificação digital.
Novas oportunidades
“Abrimos uma nova perspectiva. Em vez de tratar somente com grandes clientes do governo federal, o Serpro vai também atender e vender para a cadeia produtiva desses clientes”, descreve Jacimar Gomes Ferreira, superintendente da área de Novos Negócios. “Por exemplo, o sistema Radar é uma aplicação que todos os entes autuadores, como estados e municípios, vão poder operar, aplicando multa de trânsito via dispositivos móveis. O custeio desse sistema será suportado pelos próprios órgãos que o utilizam, em vez de ser centralizado em um único órgão federal”, explica.
Nessa lógica, abrem-se novas oportunidades de negócios, com o desenvolvimento de novos produtos para novos clientes. E os resultados já começam a aparecer. Na área de produtos de prateleira, o Serpro já conseguiu quintuplicar a base de clientes, passando de cerca de 200 para algo em torno de 1100 clientes no período de julho a novembro de 2016.
Em vez de fechar somente grandes contratos supercustomizados para poucos clientes, agora o Serpro também se dedica a fechar muitos contratos menores com grande quantidade de organizações. Para atender a essa nova realidade, houve uma reestruturação geral na empresa.
“Segmentamos uma planta lógica para esse mundo de vendas massivas e estamos investindo fortemente em marketing”, aponta o superintendente. “Criamos unidades que têm como foco essas vendas e estamos desenvolvendo produtos e plataformas diversas para e-commerce”, complementa.
Nessa linha, a empresa ajustou o foco de sua participação em eventos, passando a priorizar a presença no calendário de feiras e congressos que são frequentados por seus potenciais clientes. Exemplo dessa nova estratégia foi a recente participação no Salão do Automóvel, em São Paulo, para promover o Sistema de Notificação Eletrônica (SNE). Ou a presença na Feira de Empreendedores do Pará, na qual o Serpro promoveu seu serviço de certificação digital para micro e pequenos empresários.
Destaque para a Governança
Além de uma nova orientação para potencializar a busca de clientes, a reestruturação do Serpro também foi realizada internamente durante o ano de 2016. O cargo de diretor-superintendente foi deixado vago por tempo indeterminado e várias postos de assessoria à presidência foram excluídos. Foi feito um ajuste profundo em uma diretoria: a Gestão Empresarial passou a incluir em sua denominação o conceito de Governança, destacando esse aspecto na gestão empresarial.
“Em relação ao termo governança, temos agora uma estrutura bastante nova na empresa, com iniciativas em andamento e até a elaboração de alguns controles e indicadores já prontos” afirma Izabel Freitas (acima), diretora dessa área desde maio. “A antiga política de gestão de riscos foi substituída e ampliada, com a inclusão de temáticas de controle interno e compliance, que quer dizer conformidade”, explica Izabel.
De acordo com a diretora, a área de compliance já está realizando iniciativas que considera fundamentais, como a revisão dos documentos empresariais para avaliar situações de total conformidade ou situações em que é preciso ajustar documentos e práticas. “Isso é importante inclusive para atender plenamente às diretrizes da nova Lei das Estatais”, destaca Izabel.
“Também está sendo realizada a análise comparada de normativos internos, porque pode acontecer de normas do próprio Serpro conflitarem entre si. A área de compliance está fazendo todo esse ajustamento”, informa a diretora.
Izabel também destaca um papel de análise que foi feito ao se observar quais e quantos eram os profissionais das áreas-fim que trabalhavam em suporte à administração. Além de rever esse quantitativo, a diretoria de Governança priorizou a coordenação desses trabalhos, de forma que esses profissionais especializados atuem como equipe, gerando padronização de processos e evitando retrabalhos.
A diretora-presidente do Serpro, Glória Guimarães, ressalta que outros ajustes estruturais serão implementados em 2017, visando adequar as estruturas de chefias. A alteração deverá aderir às diretrizes apontadas pelo Planejamento Estratégico, recém-finalizado em novembro passado.
Filosofia Ágil agrega Desenvolvimento, Infraestrutura e Atendimento
Quando completou 50 anos, o Serpro fez uma opção formal pela adoção de práticas ágeis. Dois anos depois, a direção responsável pelo atendimento a clientes já observa ganhos consolidados. “As práticas ágeis trouxeram aproximação do que é realmente importante na entrega para o cliente, na medida em que ele tem as equipes do Serpro trabalhando junto com ele”, destaca André de Cesero, diretor de Relacionamento com Clientes (acima).
“Projetos muito longos com entregas parciais são aqueles em que se percebem mais facilmente esses ganhos, pois aquilo que o cliente prioriza ele consegue ver atendido em pouco tempo”, constata o diretor. “Isso tem inibido aquela situação de projetos de longa duração nos quais acontece, no meio do caminho, uma troca de gestores que estenderia ainda mais esse prazo”, exemplifica André.
De acordo com Luiz Fuschino (ao lado), diretor de Desenvolvimento, a atuação de sua área tem como principais indicadores as metas relacionadas a faturamento. “A empresa vive a situação de ampliar receita e melhorar resultados econômicos, portanto trabalhamos com esse objetivo em foco”, destaca.
Um indicativo do quanto a filosofia ágil tem se consolidado na empresa está nos apontamentos de três diretores. Enquanto a área de relacionamento destaca frequentemente os aspectos da nova forma de desenvolvimento, a área de desenvolvimento faz foco permanente no atendimento a clientes. Essa atuação conjunta entre produção e clientes é uma das bases do agilismo.
Cultura DevOps
Na área de Operações, por sua vez, um dos grandes destaques vem sendo a tarefa de consolidar não só a presença dos profissionais DevOps (Desenvolvimento unido a Operações), mas sim uma interiorização ampla do que isso significa.
“DevOps é uma cultura. Não é apenas um método ágil, um papel, um profissional. É um processo que aproxima o desenvolvimento com a estrutura para estabelecer um processo fluido, com objetivo de entregar um produto mais rápido”, destaca Iran Porto Júnior, diretor de Operações do Serpro (ao lado).
“Hoje já conseguimos entregar ambientes de desenvolvimento, de validação de testes, em prazos menores do que os do passado. E os clientes começam a perceber isso. Essa percepção é importante; não interessa ao Serpro se o cliente não perceber esse valor”, destaca Iran.
Novos processos e novos produtos para novos negócios com novos clientes, com vistas a consolidar sua sustentabilidade. Pode ser que em 52 anos esse mantra venha a ser superado. Mas, para os próximos anos, é essa filosofia que o Serpro está comprometido a, cada vez mais, colocar em prática.