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Nova diretora de Governança e Gestão do Serpro

Entrevista

Izabel Freitas é a titular da recém-criada diretoria que tem como objetivo principal dar uma relevância estratégica para esses dois temas
Izabel Freitas é a titular da Digog

Izabel Freitas é a titular da Digog

Loyanne Salles e Ricardo Bahia

Recém-criada, a nova diretoria de Governança e Gestão (Digog) tem como titular Izabel Cristina da Costa Freitas. Graduada em Arquitetura e Mestre em Administração, ela é especialista em Administração Pública e pós-graduada em Controladoria. Construiu sua carreira profissional no Banco do Brasil e empresas do conglomerado, até ser convidada para atuar na equipe do Serpro. Nesta edição da revista Tema, Izabel Freitas fala de governança, gestão de riscos, sobre o conceito de compliance e as atividades da nova área.

TEMA – O Serpro passou por alterações estruturais e uma das principais foi a criação da Diretoria de Governança e Gestão. Qual o objetivo dessa nova unidade? 

Izabel Freitas – Está sendo um grande desafio montar uma diretoria nova com uma temática bastante importante, e que não era tratada de forma centralizada e estratégica aqui na empresa. O objetivo principal da nova área é dar uma relevância estratégica para esses dois temas tão importantes no governo, que é a governança e a própria gestão. Em relação à governança, em especial, é relevante porque existem demandas legais, existe uma resolução recente, conjunta, do Ministério do Planejamento e da Controladoria Geral da União (CGU) que indica a necessidade de criação de áreas dentro das empresas estatais voltadas para controles internos, riscos e conformidade. 

Que áreas estarão subordinadas à Diretoria de Governança e Gestão?

O desenho organizacional da diretoria é bastante enxuto, e é composta de três superintendências. Uma vai tratar do tema governança e vai ter áreas voltadas a gestão de riscos, controles internos e uma área de conformidade e integridade. A outra superintendência tem como origem uma coordenadoria estratégica que já cuidava de estratégia e planejamento e agregamos a essa superintendência o assunto marketing, voltado tanto para o marketing institucional como para o marketing de produto. A terceira superintendência também agrega áreas já existentes dentro do Serpro, e será formada para tratar dos assuntos da estrutura organizacional, todo o sistema normativo, processos e projetos. 

Riscos são eventos que podem acontecer, tem probabilidade de acontecer, e que vão causar algum prejuízo para a empresa: pode ser um prejuízo financeiro ou de imagem. De qualquer maneira, é sempre um prejuízo que está impedindo a empresa de realizar os seus objetivos estratégicos e justamente por essa razão o risco precisa ser gerenciado.

A questão da gestão de risco está ganhando mais força no discurso da diretoria, nesta atual gestão. Qual o risco do Serpro e como vai acontecer essa gestão de risco na empresa a partir de agora?

Todas as organizações faceiam riscos, então não é uma questão exclusiva do Serpro. Riscos são eventos que podem acontecer, tem probabilidade de acontecer, e que vão causar algum prejuízo para a empresa: pode ser um prejuízo financeiro ou de imagem. De qualquer maneira, é sempre um prejuízo que está impedindo a empresa de realizar os seus objetivos estratégicos e justamente por essa razão o risco precisa ser gerenciado. Essa área não é a gestora dos riscos do Serpro. Na verdade, todo o gestor de produto ou de processo é de fato o gestor do risco, pois na sua atividade cotidiana ele está faceando os riscos. Riscos operacionais, por exemplo, relacionados à tecnologia que ele utiliza; as pessoas que estão executando um processo; a própria natureza em si do produto daquele processo. 

A área de gestão de riscos tem por responsabilidade aportar metodologias e ferramentas para ajudar os gestores de produtos, serviços e de processos a tratar de uma forma mais técnica a questão dos riscos. O que acontece é um trabalho de consultoria a essas áreas. O objetivo é de uma forma organizada, técnica, instrumentalizada, identificar os riscos mais relevantes que o Serpro faceia e avaliar os controles existentes para mitigá-los. 

Dentro desse aspecto da gestão de risco também está inserido a questão do compliance. Você pode explicar do que se trata esse conceito? 

Compliance ou conformidade, traduzindo para a nossa língua, é um tema dentro do guarda-chuva de governança. Criamos uma área voltada para conformidade, para o compliance vinculado a nova Superintendência de Gestão de Riscos e Controles internos. O compliance é uma etapa de todo esse processo, é o momento onde prioritariamente se faz uma avaliação da conformidade legal da empresa em relação a todo o marco regulatório: leis, regulamentos, regimentos, normativos internos e políticas, ou seja, de tudo o que afeta a empresa. A atuação da conformidade é mais ou menos equivalente à atuação de nossa auditoria interna. 

Na verdade, os papéis se dividem da seguinte maneira: em todo esse sistema de governança que protege a empresa, a primeira linha de defesa são justamente os gestores donos dos processos e dos produtos, são eles os principais responsáveis pelos riscos que se apresentam. No segundo momento, a área de conformidade, ou a área de compliance, faz essa verificação, vê se está tudo OK. Então existe a primeira linha de controle e a segunda linha de controle, que é justamente a atuação dessa equipe de conformidade ou compliance. A terceira linha de controle, de defesa, a barreira que nos protege, é justamente a auditoria interna. Esse trabalho é todo feito de uma forma harmônica e encadeada de modo que, com a ação dessas três barreiras, a empresa esteja protegida e menos exposta. 

Como a unidade orientada ao Marketing pode impactar na cultura organizacional da empresa?

Não que a função Marketing não exista em alguma medida dentro do Serpro. O que de novo foi feito, é dar um novo posicionamento mais estratégico, de valor, aos assuntos de Marketing. Nós dividimos o tema em uma área de Marketing Institucional e uma área de Marketing de Produto. No Institucional, vamos discutir e propor diretrizes e políticas para o posicionamento da empresa, o posicionamento da marca Serpro, a valorização dessa marca. Em Produtos, o objetivo é valorizar algumas ações que são realizadas especialmente pela Diretoria de Relacionamento com Clientes. 

Nosso objetivo é valorizar o que está sendo feito e aplicar isso para outras áreas da empresa, ou até para outros negócios e produtos. Isso significa colocar em prática os conceitos de Marketing, de posicionamento de produto, de diretrizes para canal, argumento de vendas, elaborar todo o material de promoção desse produto. Na verdade fazer com que isso seja uma atividade constante e estratégica dentro do Serpro. 

Uma mudança que a Diretoria de Governança e Gestão trouxe foi a centralização de uma unidade que seja responsável pelos normativos da empresa. Como isso vai funcionar na prática? 

A empresa começa a sua vida definindo missão, valores e objetivos e isso é revisitado a cada ano. Da revisão ou da construção de uma estratégia, deve-se desenhar a estrutura organizacional. Derivado da estrutura organizacional, se desenha os processos que precisam ser executados ou atividades que precisam ser executadas para viabilizar essa estrutura, que por sua vez vai viabilizar uma estratégia. Só que a empresa não acontece apenas com a estratégia, a estrutura e os processos. Ela precisa de todo um arcabouço de um sistema normativo. Todos esses assuntos estão encadeados e faz sentido estarem juntos. Queremos que a gestão da arquitetura organizacional, a gestão dos sistemas normativos, sejam avaliados em seu conteúdo e não somente na forma. Além disso, fazer com que as normas minimizem os riscos e esclareçam o direcionamento sobre tudo o que temos que fazer. O objetivo é ganhar mais produtividade, mais foco.