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A inovação começa pelas pessoas

Opinião

Corinto Meffe, Assessor do diretor-presidente do Serpro
Corinto Meffe, assessor do diretor-presidente do Serpro

Corinto Meffe, assessor do diretor-presidente do Serpro

Embora o título do artigo carregue uma certa obviedade, ele pretende chamar atenção para o principal obstáculo que uma política de inovação enfrenta para avançar dentro de uma organização. Normalmente, um programa ou projeto de inovação nas organizações tem uma centralidade no produto, na estrutura e na execução de uma ação. Tal preocupação central tem um balanceamento inadequado com a preparação das pessoas. É comum pensar que o fato de criar uma “caixinha” no organograma, uma equipe nova, um documento de institucionalização da iniciativa, a inovação passe a existir.

Um desses vícios de origem nasce da própria literatura atual, que divide a inovação em três eixos principais: produto, processo e organizacional. O especialista em inovação Christopher Freeman caracteriza que a inovação “resulta na comercialização de novos (ou melhorados) produtos, ou na primeira utilização de novos (ou melhorados) processos”. Verifica-se que atualmente as pessoas não são contempladas nos principais eixos de inovação, pois na visão dos especialistas, fazem parte das demais tipificações. Entretanto, Kenneth Knight, um dos precursores do conceito de inovação, pensou no eixo dedicado às pessoas desde o ano de 1967.

"Torna-se necessário pensar em novos modelos de gestão, práticas administrativas, métodos de trabalho em equipe e valorização das pessoas para o ambiente de inovação"

A própria evolução da Teoria Administrativa conviveu com o mesmo dilema. As primeiras teorias tinham relação com o chão de fábrica, com a produção e com a estrutura. A escola preocupada com as pessoas surge por volta do ano de 1932. Foram quase 30 anos para que os estudos administrativos, iniciados em 1903, se voltassem para as pessoas. E é somente a partir das décadas de 70 e 80, que o tema não perdeu mais importância.

Na inovação, precisamos aprender com o passado e percebermos a urgência de colocarmos as pessoas como um dos seus eixos. Torna-se necessário pensar em novos modelos de gestão, práticas administrativas, métodos de trabalho em equipe e valorização das pessoas para o ambiente de inovação. Interessante que a cada conceito apresentado parece estarmos voltando no tempo, como no caso da Teoria Administrativa. Mas, para que não seja necessário aguardar a casa da dezena de anos novamente, é preciso retomar e acelerar os estudos para a inovação com as pessoas.

Assim como a partir da década de 70 ocorreu um impacto imediato nas organizações que as tornaram mais abertas, responsivas e criativas, a política de inovação vai absorver as mesmas resultantes positivas se ocorrer de imediato a incorporação do eixo das pessoas. A questão é que, mais uma vez, a alta hierarquia e as chefias não poderão temer por essa transformação eminente e vão precisar criar as condições para que os profissionais se sintam aptos e motivados a participarem do processo de inovação na organização. Um bom primeiro passo é lembrar que a inovação começa pelas pessoas.