Notícias
Empresas brasileiras preferem softwares livres
Entretanto, quando analisada a
adoção de um software livre no servidor, o índice é de 56% no total de
empresas avaliadas, sem distinção do porte, informou o site InfoMoney.
Ficou claro o equívoco existente na crença geral, de que o software
livre seria utilizado em maior escala pelas empresas pequenas, que
enfrentam mais dificuldades financeiras. Por exemplo, no caso do
software livre usado como sistema operacional, o Linux, o índice mais
alto de adoção é registrado as maiores empresas que participaram do
estudo: 53%.
A lógica é clara: quanto maior a organização, há mais riscos referentes
ao uso de softwares piratas. O professor de pós-graduação em redes da
FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista), Marcelo
Okano, a multa para a empresa pega ou denunciada por se beneficiar da
pirataria é 'altíssima', variando entre 10 vezes e 3 mil vezes o valor
do programa original.
Quanto aos computadores, em 12 meses, houve um avanço de 12,4% no uso
do softwares livres nos PCs das empresas que já os utilizam. Por outro
lado, a pesquisa revelou que 53% dos entrevistados não utilizam
softwares livres nos PCs e que apenas 1% das organizações os usam em
seus computadores de forma integral. 'Embora pareça pouco, transpondo
este percentual para o universo de empresas brasileiras, os números são
consideráveis', esclarece o ISF.
O Instituto Sem Fronteiras salienta que os sistemas operacionais
baseados em software livre estão de acordo com as especificações e
expectativas técnicas de áreas em que há grande volume de transações e
processamento de dados, bem como armazenamento. 'Segurança,
interoperabilidade e disponibilidade são, portanto, essenciais. Muitas
atividades de tecnologia da informação do segmento de governo
enquadram-se em tais características', diz a entidade.
Entre as empresas que utilizam software livre, 48% mencionaram o uso em
aplicações de missão crítica. Esta informação quebra outro tabu,
relacionado à qualidade dos softwares livres. Marcelo Okano, confere
inúmeras vantagens aos softwares livres frente aos aplicativos pagos.
A primeira é o custo. 'A forma de licenciamento dos softwares livres é
gratuita, o que constitui um atrativo. Para se ter uma idéia, um pacote
Office custa, hoje, no mínimo R$ 500. Logo, uma empresa com dez
computadores irá gastar R$ 5 mil', explica. 'As empresas que distribuem
softwares livres não ganham com o desenvolvimento da tecnologia, ou
seja, com os produtos, e sim com a prestação de serviços. Por exemplo,
elas podem cobrar para instalar os programas'.
Além disso, estamos falando de produtos confiáveis hoje, e, em alguns
casos, considerados até melhores. 'Quanto à segurança, no caso do
Linux, por exemplo, existem vários desenvolvedores. Por conta disso, em
uma situação de vulnerabilidade, o problema é rapidamente corrigido. O
mesmo não ocorre com o sistema operacional pago, em que o único
desenvolvedor precisa corrigir o problema, como é o caso do Windows'.
O professor alerta que, às vezes, a situação de vulnerabilidade demora
a ser revertida porque o desenvolvedor tem interesses de vender
softwares de segurança. Nesse ponto, os softwares livres levam
vantagem. Eles permitem que o usuário utilize programas gratuitos de
segurança que, antigamente, eram caros. 'Há um Firewall feito para
Linux', exemplifica.
Existe ainda um software para Linux chamado Samba que permite
compartilhar arquivos no servidor. Todos esses avanços indicam que os
softwares livres abriram portas, tornando acessíveis serviços e
produtos da área de informática que, antigamente, eram inacessíveis por
conta do alto custo. Nada mais adequado às micro e pequenas empresas,
na opinião de Okano.
Para o consultor do ISF, Álvaro Leal, os pontos positivos do software
livre são a estabilidade, a segurança e a facilidade de implantação.
'As soluções se desenvolveram, melhoraram. Há uns anos, as pessoas
usavam os programas gratuitos por conta do custo. Atualmente, a opção é
feita com base na qualidade também'.
Okano explica que existem vários tipos de softwares livres. O Linux,
por exemplo, é um sistema operacional, sendo o único livre. Ele
substitui o Windows, mas não nasceu para ser seu concorrente. 'Pessoas
que desenvolvem softwares livres não entendem como uma empresa pode
cobrar muito mais pelos programas do que gastou para desenvolvê-los.
Como eram contra essa filosofia, lançaram os aplicativos gratuitos',
analisa.
Existem ainda alguns que são usados em bancos de dados, outros para o
ensino à distância. Um deles é o Teleduc, produto desenvolvido pela
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e usado hoje por inúmeras
universidades e centros educacionais que promovem cursos que não são
presenciais.
O Apache, por sua vez, é um servidor de páginas da Internet usado por boa parte dos provadores, sendo compatível com os softwares livres. Aliás, graças à ele, uma das poucas desvantagens dos programas gratuitos está sendo transposto: a incompatibilidade dos sites desenvolvidos para o Windows com os softwares gratuitos. Exemplificando: muitos softwares bancários foram criados para o Windows, o que impossibilita a geração de boletos de pagamentos àqueles que não utilizam o programa.
PEGN - RJ, 27 de março de 2008