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Boas-vindas ao trabalho
Ao abrir as portas de casa para a vida profissional, não dá para
receber o escritório com improvisos dispensados a visitas passageiras.
Designar um cômodo exclusivo para o "home office" é a primeira condição
para garantir a boa convivência do trabalho e da rotina familiar,
evitando que sejam prejudicados.
"O importante é garantir isolamento, escolhendo um espaço que não tenha
movimentação nem ruído", afirma o arquiteto Aquiles Nícolas Kílaris.
A sala de jantar era, inicialmente, o escritório do consultor de
recursos humanos Fernando Lima, 56, que passa a maior parte do
expediente em teleconferências. "Minha produtividade era reduzida pelas
interrupções da família."
Com assistência de uma empresa para a qual trabalhou, o consultor
instalou o escritório em um cômodo específico.
"Agora todos sabem que, quando a porta está fechada, ninguém deve me
interromper", fala Lima.
Palavra de ordem
Além do isolamento acústico, a organização facilita o trabalho em
terreno doméstico.
"Se você é solteiro, é fácil estabelecer seu horário e seu espaço. Mas,
quando se divide a casa, é preciso ser disciplinado para evitar
problemas", sentencia o consultor de finanças Jorge Aoni, 59, que
montou seu escritório na área restrita de um quarto de empregada.
Pastas e arquivo morto auxiliam na separação de documentos e na divisão
de temas entre as várias atividades.
Gaveteiro volante, com espaço para pastas suspensas e fechadura, é um
bom modelo.
"Categorização de materiais é fundamental para quem trabalha sozinho.
Priorize aqueles de uso diário na acomodação espacial", explica José
Luiz Cunha, da Organize sua Vida.
Outro quesito que merece atenção redobrada é a saúde.
Exigências mínimas para cadeiras -com rodinhas e apoio para os braços-,
distância entre o usuário e a tela do computador, altura da bancada e
iluminação são regulamentadas pela ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas).
As normas NBR 13962 (sobre cadeiras), NBR 13966 (mesas) e NBR 10152
(ruído e iluminação) podem ser adquiridas no site www.abntnet.com.br e custam
entre R$ 18 e R$ 94,70.
Acomodação deve seguir normas técnicas
Além dos móveis, instalações elétricas e condições de iluminação
e ventilação precisam ser ergonômicas
Trabalho acomodado em cadeiras de cozinha ou em um quarto escuro e mal
arejado pode resultar em dores e mau rendimento no final do mês.
Uma boa solução é seguir as regras de ergonomia da ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas) no projeto do escritório doméstico.
A bancada deve ter de 76 cm a 78 cm de altura. E o modelo de cadeira
precisa dispor de rodízios, cinco pontos de sustentação, altura
ajustável, apoio para os braços e encosto com altura acima de 35 cm.
A distância entre os olhos e a tela do computador deve ser de 40 cm a
60 cm.
Tão importante quanto as especificações técnicas do mobiliário são as
condições de luminosidade e de circulação de ar.
Dê preferência a cômodos com boa entrada de luz natural -que só não
pode estar na direção contrária à da tela do computador, para evitar
reflexos.
Se não houver outra posição para a mesa, a arquiteta Lilian Morel
aconselha o uso de persianas que amenizem os raios solares e promovam
isolamentos térmico e acústico.
Tapetes também reduzem ruídos, mas sua manutenção tem de ser fácil.
"Modelos que podem ser limpos apenas com o aspirador são os mais
indicados", sugere Morel, que no escritório de sua casa usa um tapete
de sisal com lã.
Instalações elétricas
O aumento de tomadas para atender aos equipamentos eletrônicos pode
exigir obras.
Fios atravessando ambientes representam riscos de acidentes, e plugues
do tipo benjamim, de curtos-circuitos.
Quando a fiação não estiver embutida na parede, rodapés com espaço para
fios são uma boa saída.
"O teletrabalho dá flexibilidade de horário e de local, mas deve seguir
todas condições de um emprego normal com conforto e segurança", lembra
Joselma Pinto Oliveira, coordenadora do projeto de teletrabalho do
Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
A empresa desenvolveu um roteiro de projetos de escritórios domésticos
baseado em normas da ABNT para orientar seus empregados que trabalham
em casa.
(CC)
Folha de São Paulo, Cristiane Capuchinho, 04 de maio de 2008