Thadeu Martins (abaixo) já praticava yoga desde a época em que cursava engenharia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, no final da década de 60. Em 1975 entrou no Serpro, no cargo de analista de sistemas, e em 1983 ocupava função gerencial. Nessa época, tomou a decisão de se afastar do emprego para ir estudar no The Yoga Institute, um dos mais tradicionais centros indianos de práticas orientais.

Na índia, conviveu durante um ano como brâmane Shri Yovendra, formando-se instrutor. “Estudar sob a orientação da família do fundador, e com ele próprio, além de atuar como instrutor daquele ashram histórico, foi muito mais do que eu poderia querer”, avalia Thadeu.

De volta ao Brasil, em 1984, reingressou no Serpro, no mesmo cargo. Continuou atuando em vários projetos na empresa e destaca que os conhecimentos da yoga fizeram toda a diferença tanto para o enfrentamento dos desafios quanto para o sucesso das iniciativas. E foi a partir de uma série de reflexões nesse sentido que desenvolveu o conteúdo para escrever o livro “Conversas com um Yogue Urbano” (ao lado), publicado em 2014.

Agir e se observar agindo

“Ser um yogue urbano significa colocar em prática a habilidade de ser dois em um. É ser a pessoa que age e ao mesmo tempo a pessoa que se observa agindo, dentro da metrópole, com toda sua complexidade e realidade caótica de trânsito intenso, barulho, poluição e violência”, filosofa.

Na visão de Thadeu, a yoga pode ajudar as pessoas a  alinharem o pensar, o fazer e o sentir, sem exigir o afastamento da realidade. Ao contrário, ressalta, “O cotidiano costuma ser a matéria-prima de minhas aulas”. Os encontros que organiza começam com uma palestra conceitual sobre um tema do cotidiano, seguidas dos exercícios de yoga e de meditação e relaxamento. O resultado é o equilíbrio interno, que ajuda amanter o foco no que realmente interessa, diminuindo o estresse.

Aluna serpriana

O livro de Thadeu reúne 100 palestras proferidas. A ideia surgiu a partir da iniciativa de umde seus alunos, o jornalista Ricardo Borges, que passou a gravar essas conversas introdutórias, transcrevê-las e publicá-las no site yogaclassico.com. “Em 2013, após me aposentar, veio a vontade de reuni-los como um livro de reflexões, para oferecer o relato não de yogues recolhidos num lugar distante, isolados do mundo, e sim de yogues urbanos que, como eu, vivem no turbilhão das metrópoles.

Thadeu ministra aulas de yoga nas manhãs de sábado, no Jardim Botânico de Brasília, há nove anos. Vivianne Veras, colega do Serpro e adepta das aulas, já conhecia a yoga, “mas da forma como ele faz, nunca vi”, admira-se. “No meu caso, ajudou muito para enfrentar a insônia e melhorou minha qualidade de vida”, afirma, ressaltando que para ter benefícios não basta participar dos encontros, “é preciso aplicar o que você aprende no dia a dia”, completa.

Três verbos essenciais

Thadeu Martins defende que a prática da yoga pode ser sintetizada em três verbos: comportar-se, de um modo a
não ser excluído socialmente; respirar, que é o principal processo fisiológico - de forma profunda, silenciosa e
ritmada; e “ser quem você é”, buscando autenticidade. Para colocar esses verbos em prática é preciso disciplina
e desapego, condição que a meditação ajuda a alcançar. “Pode-se dizer que meditar é se dedicar a recolher a
atividade mental e refletir sobre a prática desses três verbos: comportar-se, respirar e ser quem se é”, resume.

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