Quando Marcos Aurélio Leão chegou no que viria a ser o escritório de Boa Vista do Serpro, levou um susto: um emaranhado de fios, cadeiras e mesas mal permitiam a abertura da porta. Era o ano de 1992, a sala ficava (e ainda fica) no prédio da Receita Federal. Outra surpresa viria depois: as mesmas pessoas que trabalhariam lá seriam responsáveis pela montagem dos móveis e pela arrumação da estrutura que tornaria possível o funcionamento do escritório em terras roraimenses.

Mas o que no início foi encarado como uma dificuldade, logo se mostrou um aliado da equipe, ressalta Marcos Aurélio, atual chefe do escritório.“Como montamos tudo, conhecíamos cada detalhe do que foi instalado, o que facilitou as inúmeras intervenções necessárias nas instalações físicas ao longo dos anos”. Muitas dificuldades foram vencidas pelos precursores, como o sempre mencionado calor excessivo, com média de temperaturas perto dos 40 graus.

Clientes surpresos também

De 1992 em diante, o escritório foi se desenvolvendo e se firmando como uma referência local na prestação de serviços de TI para o governo. Os próprios clientes, acostumados a recorrer a Manaus para a solução dos seus problemas, surpreendiam-se: “Quando ligavam e eram atendidos localmente, quase não acreditavam que estávamos ali tão perto”, conta Marcos Aurélio.

Hoje, os principais clientes da base em Boa Vista são a Delegacia da Receita Federal (DRF), a Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), a Superintendência de Patrimônio da União (SPU), o Departamento de Polícia Federal (DPF), a Superintendência de Administração do Ministério da Fazenda (SAMF) e a Junta Comercial do Estado de Roraima. Como Autoridade Registradora, o Serpro é bastante procurado por profissionais de contabilidade e empresas do setor madeireiro, que se utilizam do certificado digital para simplificar os processos de exportação.

Lua de mel adiada

Mas nem só de trabalho vive o escritório. O clima do lugar, com ares interioranos, favorece relações amistosas e entrosamento da equipe, que sempre se reúne para aproveitar o que a cidade tem a oferecer. Tanto é verdade que até casamento já saiu por lá. Os colegas Raimundo Nonato Alves e Simone Alves se casaram quando trabalhavam juntos. A equipe, naquela época, era composta somente por quatro pessoas, o que acabou postergando a lua de mel, em razão de serviços inadiáveis naquela data.

Os colegas de Boa Vista destacam o prazer de poder desfrutar da gastronomia local. De acordo com eles, os pratos típicos mais apreciados são a paçoca com banana, que é a carne assada batida no pilão com farinha e servida com banana. Outra delícia regional é a tradicional caldeirada de peixe, muito comum nos estados da amazônia. A galinha caipira, herança dos nordestinos, é também muito apreciada, assim como a carne de sol regional, assada na chapa com cebola e manteiga.

Só tem em Boa Vista

Esta é a única capital brasileira localizada totalmente ao norte da linha do Equador. Seu traçado urbano moderno lembra um leque, aludindo às ruas de Paris, referência ocidental de desenvolvimento à época de sua criação. Esse desenho da cidade, elaborado entre 1944 e 1946, remete à mesma estética que inspiraria a construção de Brasília, alguns anos mais tarde. Boa Vista concentra aproximadamente dois terços dos roraimenses, abrigando por volta de 320 mil habitantes. Situa-se na margem direita do rio Branco. Acredita-se que a origem do seu nome indica a bela paisagem panorâmica que se observa do alto de serras vizinhas.